Esse
é o titulo de um livro do psicólogo italiano Aldo Carotenuto, que serve de base
para essa reflexão.
A
filosofia tenta ir sempre além do óbvio, por isso, essa frase que dá a imediata
impressão de supor que é uma referência ao amor romântico, portanto a traição
conjugal, vai muito além disso.
A
traição fere nossa confiança, abala a auto-estima, mas ainda que seja algo tão
corriqueiro, nunca aceitamos.
A
que traição me refiro? Por quê, sempre que amamos, inevitavelmente traímos ou
somos traídos?
Só
é traído o que espera.
Traição
é o desvio da conduta idealizada.
A
realidade que confronta a projeção.
A
não concretização do sonho sonhado é projetar e idealizar, assim a traição
permeia o amor.
Todos
os pais esperam o melhor para os filhos, idealizam um futuro brilhante, cheio
de conquistas e têm preferências para suas posturas e atitudes.
Somos
seres não nascidos e já idealizados.
São
os casais que esperam no parceiro, atitudes que ele deverá ter, antes mesmo de
ser.
Mas
não podemos nos limitar aos relacionamentos conjugais.
Empresas
são feitas por pessoas, assim, são relacionamentos que vivem também seus
conflitos.
O
que esperamos da produtividade dos funcionários?
O
que esperamos de quem estamos contratando?
Uma
empresa, ao contrário de uma relação pessoal, tem fundamento ao esperar
determinados resultados, mas nem sempre de interferir nas posturas pessoais.
Quando,
por exemplo, um funcionário corrupto é descoberto, nossa decepção deve se
conscientizar que não conhecemos ninguém na totalidade, sendo assim, estamos
sempre sujeitos a descobertas surpreendentes, invariavelmente negativas e em
desacordo com nossas expectativas.
E
quando um funcionário de confiança vai para um concorrente?
Alguns
levam para o lado pessoal, agem com posicionamentos de chantagens emocionais e
encaram a possibilidade do funcionário subir na carreira, como uma traição.
Somos
traídos em diversas situações mas também somos traidores quando não cumprimos o
que idealizaram para nossas posturas, ou descumprimos as expectativas sociais,
culturais, legais, etc…
Sua
empresa espera que você tenha determinada postura, seus fornecedores e
compradores também idealizam, não porque amam e sim porque “amam” os caminhos
que optaram, então você precisa se adequar a eles.
Quero
dizer com isso que conflitos são inevitáveis, desacordos devem ser esperados e
não levados para a pessoalidade.
Ainda,
as traições podem ser de nós, para nós mesmos, quando um objetivo não alcançado
é nossa auto-traição e, como conseqüência, aos poucos desistimos de confiar em
nós mesmos, abalando nossa auto-estima.
Traições
são conquistas não realizadas.
São
traumas e fraturas inevitáveis, reações inexplicáveis.
Se
amar é projetar, idealizar, esperar, toda idealização é, em determinado
momento, marcada pela traição.
Nesse
sentido, amar é trair.
Rupturas
são caracterizadas por expectativas idealizadas e não correspondidas.
Não
há traição sem permissividade, já que toda aceitação sempre é corroborada com a
idealização, previamente instaurada
Se
você não espera absolutamente nada, jamais será traído.
Se
você não idealiza coisa alguma, ninguém te decepcionará.
Claro
que é postura utópica e inviável durante a vida, mas serve como meio para
ilustrar onde está a essência da frustração que a decepção gera, na traição.
Racionalizar nossas frustrações e saber que em
determinado momento, todos nos “trairemos” ou seremos “traídos”, ajuda a
visualizarmos as pessoas com mais consciência, trabalhar melhor nossas
expectativas e pôr limites às nossas idealizações.
Postado por.: Estêvan Santos
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